quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Sobre as olimpíadas

Créditos da imagem: Divulgação/COI

Você pode até não gostar de olimpíadas...

Mas, não há como não se emocionar no judô com o ouro da Rafaela Silva, o Bronze da Mayra Aguiar e do Rafael Silva. Não há como não ficar feliz com a medalha de prata de Felipe Wu no tiro esportivo, e de Isaquias Queiroz na canoagem. Estas medalhas retratam a diversidade do Brasil e a capacidade de múltiplos talentos em diversos estados.

Pode até não gostar de futebol, mas sofreu com os pênaltis da seleção brasileira com a Austrália e ficou triste pelo Brasil ter perdido nas penalidades para a Suécia.

Pode até querer não saber de olimpíadas, mas se comoverá com a alegria da Flávia Saraiva em sua primeira olimpíada, e com a tristeza da Jade Barbosa ao se machucar e ter que deixar a competição. Ficará feliz com a prata de Diego Hipólyto na ginástica artística e o bronze de Arthur Zanetti. E saberá da repercussão sobre o também medalhista de prata Arthur Nory e seu passado preconceituoso registrado em vídeo.

Pode não gostar do Boxe, mas ficará orgulhoso com Robson Conceição, mais um brasileiro no pódio representando o País como campeão ao grande estilo medalha de ouro. Pode até não estar informado sobre o salto com vara, mas se orgulhará do brasileiro Thiago Braz que também ganhou o ouro.

São tantos motivos para não querer apoiar as olimpíadas. Mas, apenas um seria o suficiente para mudar tudo isso, o fato de que no Brasil o investimento ao esporte é tão pequeno e tão caro. E sabe-se que quem está lá competindo batalhou muito para isso e possivelmente passou por muitas privações.

Você pode não querer se inteirar, mas se por um descuido ver, se comoverá com o pedido de desculpas da Daniele Hipólyto após uma queda e da seleção feminina de vôlei que deixou a disputa por medalhas. Você vai saber sobre a repercussão da nadadora Joanna Maranhão, e entenderá porque o Brasil é o País da diversidade, do preconceito e das injustiças.

Você vai se entristecer com a torcida que grita “vai cair” para os atletas estrangeiros da ginástica. Vai entender que algumas pessoas torcem mais para os outros perderem do que para os seus preferidos ganharem. Vai compreender que é assim que ocorre quando as pessoas querem lhe prejudicar ao invés de se destacarem por seu sucesso.

Vai compreender que a garra e força do brasileiro não são suficientes para ganhar um jogo, ou chegar até a final. É preciso muito, muito treino, apoio e preparo emocional. Saberá que alguns países podem ter atletas com condições inferiores aos nossos, porém possuem um suporte psicológico que já os faz vencedores.

Saberá que bons atletas são formados por um conjunto de fatores que denotam as características daquele País. Entenderá que jornalistas e comentaristas torcem tanto, que por vezes se sentirão sem chão como você torcedor. E é por isso que eles ficam visivelmente emocionados e não fazem questão de esconder isso, afinal, são assim como você.

Aprenderá que assim como é importante ouvir, é também importante prestar a atenção em silêncio. É preciso deixar que o atleta atinja seu maior ponto de concentração e tenha um bom resultado, seja qual for a seleção. Portanto, se for assistir a um dos jogos lembre-se: gritar o nome do atleta e bater palmas enquanto ele pratica o exercício apenas o lembrará da pressão que possui e isso provavelmente não será bom. Respeite o atleta na execução do seu exercício e comemore quando for oportuno.

Ficará triste com o sofrimento alheio, e talvez, indignado com algumas seleções que sequer comemoram o segundo lugar. Afinal, o que é a prata para quem ambicionava o ouro?

Pensará que os atletas brasileiros não se classificam nas melhores colocações porque são conformados e ficam felizes com o que já atingiram. Mas, deverá refletir sobre a história de cada um deles e o porquê que aquela colocação já é considerada uma vitória. Neste caso, você também daria valor ao chegar a uma olimpíadas.

Por fim, nas olimpíadas, você irá torcer, e mesmo que seja contra a realização de olimpíadas no Brasil se orgulhará de uma torcida que grita: “eu sou brasileiro com muito orgulho no coração”. Entenderá que boas vibrações existem e as ruins também, e é preciso saber lidar com isso.

Ficará feliz com o fortalecimento das mulheres nos esportes e com a elucidação sobre alguns até então desconhecidos.

Você pode até não se emocionar com o fato das olimpíadas serem no Brasil. Mas, ficará orgulhoso com a história de cada um dos atletas, e ficará motivado pela importância do esporte. E assim, inevitavelmente, vai querer um futuro melhor incluindo o esporte para seus filhos e netos!